segunda-feira, 30 de junho de 2014

Mais sim, menos não.

Eu sempre disse que saber o que NÃO se quer facilita as coisas. Mas e quando descobrimos o que queremos? O tutorial já está disponível para Android? Imagino que seja a sensação de terminar de escalar o Everest. "Ok, acabou. Que frio maldito". Pessoas pra mim são conquistas nessa magnitude. Desafiadoras, mas nem sempre recompensadoras, e às vezes dá até uma preguiça. Então por que insisto nelas? Porque são raras. Só há 7 bilhões de exemplares (conhecidos) no Universo, muitos morrem todos os dias, e já não se faz tantos filhos. Brincadeiras à parte, penso que "another brick in the wall" é uma música do Pink Floyd, não um modo de lidar com pessoas.


Dizem que deve-se ser gentil com todos, pois não se sabe as batalhas que o outro trava. É bem verdade que de vez em quando atravessamos o caminho quando esse outro resolve disparar uns "foda-se". Eita botãozinho cretino e frouxo! Ao ser atingido por um "foda-se", a vida abre um display que indica "toque essa nota você também" ou "escolha outro jogador". Nem preciso dizer que já levei as minhas porradas, assim como mil vezes trapaceei e dei pulinhos com o controle remoto na mão, como se o deslocamento do meu corpo fosse interferir no resultado final na tela.

Outro dos meus clichês é afirmar que, ao lidar com pessoas, fazemos apostas sem garantias e muitas vezes por vício, especialmente quando se trata de um relacionamento amoroso. Está bom com alguém, mas... o que custa dar uma checada no mercado? E se houver algo melhor? Talvez custe muito. Na maioria das vezes, um valor mais alto do que se tem em caixa. E é assim que saímos devendo. Para evitar esses sustos, ofereço crédito pré-aprovado. Espero por um rendimento investindo na capacidade do outro. Essa medida pode levar à falência ou fidelizar o meu cliente e aumentar o meu patrimônio. Quero correr o risco de ser feliz e levar mais alguém comigo.

Felicidade exige paciência e - mais um clichê - está nas pequenas coisas. Em uma happy hour com os amigos, no desconto da camisa oficial da Seleção em época de Copa do Mundo, no livro maravilhoso que recebeu críticas ferozes, mas você comprou mesmo assim, na lambida de surpresa do seu cachorro, no inesperado dia de sol negado pela previsão do tempo. Não sei se a felicidade está atrelada ao amor, mas provavelmente é parte de sua descoberta. Ame as pessoas sem medida, sem medo do "não". Ele é item de fábrica e não pode ser vendido separadamente. Acima de tudo, ame você e acredite na probabilidade de alcançar um SIM, mas não dependa dela. Na maioria das vezes, a melhor parte de uma viagem é o seu trajeto.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Fulano, eu não gozei.

Nada tão fácil quanto forjar um orgasmo: uma leve arqueada, respiração entrecortada por "NOSSA", e uma estremecida seguida ou não de uns arranhões nas costas com as pernas entrelaçadas. Pronto. Aquela foda horrível acabou. Mas quem saiu ganhando?
Sou a favor de um SAC para o sexo. Qual é o problema em querer melhorar o serviço?
"fulano, eu não gozei", "eu gosto de ouvir sacanagem", "o tapa é firme, não estalado", "vamos caprichar nas preliminares?".
A mulher que sabe o que quer e como gosta não deve ser recriminada como pentelha. Obviamente, tanta fraqueza jamais deve se aplicar ao corpo do outro. Se o pênis for pequeno, elogia-se o diâmetro. Se o diâmetro também não for nenhum monumento, elogie o ritmo, as carícias, o gosto, cheiro ou o que quer que haja de atraente nele. Não se pode esquecer que o SAC existe para críticas, sugestões e elogios.
Desconfio de que seja lenda urbana o que dizem sobre mulher se apaixonar pelo que escuta e o homem pelo que vê. Na maioria das vezes, uma massagem no ego pode ser o maior estímulo.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Inquieta

Todos os dias eu me dedico a escrever algumas poucas páginas do meu livro. Livro. Nada que eu ainda possa chamar de "obra". Por enquanto, é apenas um amadurecido "querido diário", confidente das minhas aventuras, temores, indecências, suspeitas, constatações e alguns planos diabólicos. Sinto que, a qualquer momento, posso ter que dar cabo do sabichão. Não que nunca tenha chegado perto. Às vezes, arranco as suas páginas - sempre manuscritas - como quem desnuda um corpo recém-chegado de viagem com promessas a cumprir. Ele sabe o quanto o quero, e eu sei que ele não é tão fácil. Voyeur que sou, espero um dia dividi-lo com outras pessoas, arrancando os mesmos suspiros, o morder de lábios da expectativa, o riso exasperado com o absurdo, a dúvida quanto à veracidade, o deleite com a ousadia. Por enquanto, apenas estou resistindo ao impulso de finalizá-lo com xeque-mate, touché ou outro clichê que tenha a minha simpatia.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Moedinha número 1



Revoluções sexuais à parte, confesso que adoro quando eles pagam a conta. Não tem a ver com independência ou interesse: é apenas uma questão de cortesia.
Duas horas de papo furado, uma cerveja pela metade, e o sujeito manda passar a sua bebida à parte quando a conta chega. Sensação de pentelho no sabonete. Aqueles singelos seis reais descem rasgando junto com uma gentileza que não apareceu. Gentileza, não obrigação, mas de que adianta distribuir elogios dignos de uma construção em Mossoró se estragar tudo com mesquinharia?
Não há mais um convite para desfrutar da companhia da mulher desejada. Sequer no primeiro encontro.

Também há os que pagam a conta esperando alguma vantagem sexual. O tal beijo ao final da noite tornou-se frescura de comédia romântica. Sexo virou moeda de troca - e eu dispenso. Muitos homens já me chamaram de frígida, mas o que responder a um frustrado? Sexo comigo deve ser um privilégio. "Quem quer garantias, compra uma torradeira", disse Clint Eastwood. Já tive encontros bons o suficiente para me oferecer a pagar a conta inteira. Tudo uma questão de perspectiva. Quiçá, iniciativa.

Recentemente chegou ao Brasil o aplicativo "Lulu" em que as mulheres avaliam anonimamente os homens com quem já se envolveram. Concordo que a ferramenta tenha seu conteúdo ofensivo e atinja inocentes, mas que bela emboscada se tornou aos canalhas. Consultar se um homem não liga no dia seguinte, se é pão duro ou ruim de cama antes de um encontro parece uma grande sacada, ainda que "ex" seja uma eterna entidade ressentida. Sempre há algum fundo de verdade. Imagino que a tal consulta não deva demorar a se aplicar às mulheres também. Não faltarão comentários sobre desempenho, airbag duplo ou pneu furado. Talvez as hashtags dedicadas às mulheres acabassem sendo um tanto monótonas, afinal, somos algo além de #loucas e #ciumentas após o final de um relacionamento? A conversa das mesas de bar e das idas ao banheiro parece incomodar bastante. Mas quem não deve, não teme.

Homem perfeito não existe, mas atire a primeira pedra quem não gosta de uma carta referência, afinal, estamos todos oferecendo um período de experiência com chance de contratação.

domingo, 22 de setembro de 2013

Quer saber? Vai dar merda!

E quando der merda, o que você pretende fazer a respeito? Implorar pela sua felicidade? Sentir vontade de morrer?

Jamais diga que deseja fazer uma pessoa feliz, pois você não tem esse potencial. Quem nos faz felizes somos nós mesmos. O que faz tudo dar errado é entregar essa responsabilidade na mão de outrem.

Já passei muito tempo desconfiada de tudo e de todos - e isso é bem recente -, e admito que poucas vezes me enganei. Acredito que devemos nos resguardar o quanto podemos e nos entregar se o coração pedir por isso. Viver de "quando" e não de "se". Viver o hoje, não o ontem ou o amanhã. Investir pesado em tudo que acreditarmos, mesmo que isso nos faça loucos.
Gritar quando der vontade e evitar pedir desculpas por ser humano. Por sentir medo, desespero, insegurança. Se o outro não entender, talvez precise rever alguns conceitos. Amar de peito mais aberto. Se entregar mais do que se acha capaz. Agir além das próprias expectativas, porque é isso que nos faz evoluir.

Eu não me considero fraca ou mal resolvida quando caio.

Todo mundo quer o melhor para si, mas quase ninguém está disposto a oferecer isso.
Até mesmo um pedido de desculpas é medido. Prefiro em exagero. Nunca sabemos o quanto a outra pessoa precisa disso.
Ignorar é sempre a alternativa mais fácil, e menos digna. Condenar também está no páreo.

Não importa quantas vezes eu me aborreça, me desiluda, sinta o peito apertar. Escolhi viver, encarar tudo de frente e esbravejar: "EU SOU FODA! Se você ainda não percebeu, troque a lente."

A maturidade me ensinou que as pessoas não são ruins: talvez só estejam fora de foco. Quem ainda não tiver alcançado essa perspectiva, saiba: gosto de ajudar, arriscar e amar as pessoas. E se eu não for correspondida como espero, vou sofrer. Há algo mais natural?



terça-feira, 20 de agosto de 2013

O amor da sua vida é insuportável


Melhor parar de pular de galho em galho e deixar de implicância. Você pode se apaixonar a qualquer instante. Há muitas possibilidades. Resta saber com quantos véus você está tentando camuflá-las.
Não existe príncipe encantado, e estou certa de que a Bela Adormecida acorda com bafo de tigre louco.
Nada como abrir mão do sobrenatural e aceitar-se mundano.

Se você se compara com panelas, tampas, frigideiras, porcas e parafusos, certamente não está se levando a sério.

Confesso que perdi as contas de quantos homens já se apaixonaram por mim. Não que seja um mérito. Tão rápido quanto se encantaram, se desiludiram, e sei que isso aconteceu porque me idealizaram. Faço uma mea culpa por ter permitido que eles se aproximassem de mim mesmo quando não faziam o meu tipo. Aceitei porque ficavam bem na minha estante.

Ao longo das minhas experiências, percebi que o amor das nossas vidas é quem melhor nos suporta.
Um relacionamento de caos pode ser o ideal. Traições e ciúme descontrolado podem ser adequados. Trajes de borracha podem ser excitantes. Não existe o proibido. Somente o que não foi acordado.
Qual é o problema de ter um relacionamento doentio, se os dois precisarem disso?
Buscamos o relacionamento ideal partindo do princípio de que somos todos sãos. Prefiro admitir que estamos apenas buscando quem tenha o conjunto de problemas que melhor nos serve.

Até que se prove o contrário, só temos uma vida para viver. E nessa vida, só aceito abandonar se for irreparável. Se for irritante, que se converse, não se descarte. Nada como ser ativista do seu bem-estar.

Quando um homem me perde ou se afasta, algo no seu código genético parece forçá-lo a me dizer um "boa sorte" de despedida. Expressão essa embebida em desprezo, algum sarcasmo, ou outra substância mais amarga.
Espero que, com o tempo, passem a vender com sabor e aroma de pêssego. Por enquanto, finjo que trago e passo adiante.
Escolhi viver meus amores como se fossem durar a vida inteira. E espero que todos encontrem alguém que use a sua mesma droga. Que beije demoradamente, morda, abrace forte, aperte, apalpe, salive, contorça, arfe e goze. Depois contemple, vista, suspire, sorria e se despeça. Aceite viver o intenso e o absurdo. Permita que o amor esteja em cada esquina.

O meu, vou querer com açúcar, obrigada.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Ele é comprometido, e agora?

E agora parte pra outra, minha amiga!
Não é de hoje que cito que não sou adepta de relacionamentos abertos. Se o cara gosta de brincar de Rei Salomão e manda partir a criança em duas para favorecer quem grita mais, ele está perdendo tempo comigo.

Infelizmente, o homem com a síndrome de Rei Salomão é alimentado pela insegurança da sua parceira.
Não foi apenas uma ou duas vezes que vi ou ouvi falar de mulheres que dizem que recebem mensagens anônimas de "uma invejosa". Ela só precisa criar um fake e choramingar para o "amorzão", mostrando ser um grave caso clínico. Aí ele discute com a outra mocinha que agora se acha mais gostosa do que nunca. Ela provou que é insegura e ele provou que é retardado. Filme repetido. Prefiro "A lagoa azul".

Esse tipo de mulher topa tudo para ter o parceiro por perto, e se sente ameaçada a todo instante. Faz parte também do time que está sempre suspeitando de uma gravidez, porque tem que ter emoção, né?
Particularmente, eu prefiro propostas indecentes. Isso de gravidez inesperada me soa muito Malhação, que eu não assisto desde a Era Mocotó.
Checagens em celular também são bem corriqueiras, mas ela só vai confessar que faz durante um surto - e ele não demora a acontecer.

A tal de mulher moderna não é necessariamente a que se mostra mais liberal. Sinto-me moderna por poder decidir ao que quero ou não me sujeitar. Sou uma daquelas raras pessoas que leem os termos de uso.

Já declarei desinteresse total por alguns homens, mas suas mulheres vieram à minha procura perguntar "mas se eu largar ele, você não vai atrás, né? promete?", e posso jurar que imaginei uma pá de cal caindo em cima daquela pessoa. É inconcebível que o amor-próprio esteja valendo tão pouco. Deve ser algum problema na distribuidora.
Algumas chegam a me adicionar no Facebook e saber de cor postagens do meu blog (watch and learn, certo?). Tsc tsc tsc.

Pela última vez, deixo claro: não como nada que já esteja com o lacre rompido. E isso vale para homens e lanches do Mc Donald's.